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Fragmentos de Vidas #27


João Couto, vinte e dois anos, um jovem pacato que pretende fazer da música o seu futuro.
Vencedor do programa da SIC, "Ídolos" lança dia 23 de março o seu primeiro disco "Carta Aberta". 
Uma entrevista que não foi feita num barquinho no meio do oceano, mas que viajou por mares nunca antes navegados ...

Playlist da Entrevista:

Aos 22 anos estás a viver o teu sonho? 
Sim, completamente, estou a viver aquilo que sempre quis fazer e estou a fazer até muito mais cedo do que eu achava. Está a começar no ponto que eu queria e agora vamos ver o que o futuro reserva. 

Que memórias guardas do tempo das tuas bandas de garagem? 
Guardo memórias de estarmos muito tempo a aprender a tocar músicas de Eric Clapton, dos Beatles e muitas coisas dos Police, pá … Eu era uma pessoa muito inquieta nas bandas de garagem, saltava dos teclados para a guitarra, para o microfone, só não ia para a bateria porque sou um desastre a tocar. Mas as bandas de garagem foram o sitio onde comecei a desenvencilhar-me noutros instrumentos e comecei a ganhar algum espirito de liderança que foi muito importante na gravação e na escrita do álbum, porque também tomei as rédias de alguns instrumentos e de algumas coisas e sim, guardo essas memórias que foram super importantes para mim. Algum instrumento que se destaque? A guitarra provavelmente porque oitenta por cento das minhas músicas saem à guitarra. A fazer músicas tenho muito cuidado de como é que elas vão ser a nível rítmico e para mim é muito mais fácil traduzir isso na guitarra, a guitarra pode ser quase produtiva e criar ali um ambiente, mas lentamente também estou a introduzir cada vez mais o piano como o elemento de composição principal, há canções neste disco que nasceram no piano e eu tenho a certeza que no futuro serão muitas mais porque as soluções são completamente diferentes, é um ângulo a explorar. Certamente, por agora, estou a tomar a guitarra como instrumento principal, mas o piano vai começar lentamente a ganhar lugar de destaque. 

Escreves ou já escreveste cartas em papel? 
Algumas, infelizmente hoje já vivemos num mundo de redes sociais e que posso pegar aqui no telemóvel e falar com uma pessoa que está em Viseu ou em Faro, num instante, já não é a mesma coisa. Mas lá está, eu gosto muito desta ideia das cartas porque é o orgânico, o tu escreveres algo e colocares esse esforço no papel, essa imagem chamou-me muito a atenção e foi o que acabei por trazer para este disco. Todas as músicas são feitas com muito amor e com muito tempo aplicado a elas e que agora vão chegar ao colo das pessoas e veremos como elas vão reagir. E já recebeste cartas em papel? Algumas coisas, algumas coisas, infelizmente não tantas como às vezes queremos, mas o que importa no final de contas é a mensagem, e se a mensagem é boa …(sorri

Como surgiram os temas que tens em co-autoria com Samuel Úria, Pedro de Tróia, Janeiro e João Martins? 
Ora bem, cada um tem a sua história, o seu caso específico. O caso do Samuel Úria foi mesmo da forma mais casual e pouco profissional e de escritório de sempre que foi, eu fui ver um showcase do Samuel Úria à FNAC, lembro-me de estar na fila de autógrafos como um bom menino, com o disco, e fui lá ter com ele, conversa puxa conversa, ele recordava-se de me ver no “Ídolos” e eu sou um fã acérrimo dele, está no meu top cinco de artistas de sempre e disse que estava a escrever o disco e que se de alguma maneira poderia dar-me uma ajuda em alguma coisa e deu-me o contacto dele, então acabei por escrever um email de cinco, seis páginas a dizer o quão importante a música dele era importante para a minha vida e disse-lhe assim, “tenho algumas canções que não têm letra, eu tenho aqui uma que gosto mesmo muito, que é muito importante para mim, só que não consigo encontrar as palavras certas, se eu te mandasse fazias alguma coisa?”, e enviei a música, passado um mês, dois meses ele foi lá ao Porto e deu-me a letra, para mim é das letras mais especiais e bonitas do disco, porque é sobre cresceres e encontrares a tua maturidade e a tua segurança na pessoa que tu amas, é uma coisa que só alguém com a sensibilidade e o intelecto do Samuel conseguia chegar com tanta facilidade. O caso do Janeiro aconteceu … eu já ouvia o Janeiro há muito tempo, desde que ele só tinha um EP cá fora, vi-o na Debandada em 2015, vi um concerto dele e adorei, fiquei com o nome dele na minha cabeça, andava a fazer o disco e tinha a ideia central para o “Dois Mil e 16”, da melodia gravada no telemóvel, mas estava incompleta, não conseguia encontrar ali o chavão para a desbloquear, havia qualquer ali que a estava a bloquear e eu não sabia bem o que era, enviei a música para ver se ele alinhava, mandei aquilo sem introdução nem nada, “olha, curto bué do teu trabalho, vamos fazer isto?”, isto já há uns anitos atrás, ele ouviu a música e disse que não sabia, que não era o estilo. Às duas, três da manhã envia-me uma mensagem a dizer “estás acordado?”, “agora estou, mas porquê?”, “tenho a música!”, ele tinha a letra toda feita e tinha acrescentado uma secção à música que ficou incrível, acertámos mesmo em cheio. Temos a caso da Inês que escreveu com o Pedro de Tróia, dos Capitães da Areia, o Pedro já me conhecia muito antes do “Ídolos” ter acontecido e já gostava de me ouvir na internet, na altura ele ia convidar-me para um projeto que acabou por não acontecer, porque o “Ídolos”, entre aspas, meteu-se pelo caminho, ele disse-me que tinha músicas para mim, disse-lhe para ele me mandar qualquer coisa, ele enviou-me uma pasta com quatro ou cinco músicas e aquela, chamou-me logo a atenção porque a letra era muito bonita, tinha uma sinceridade e uma intenção mesmo arrasadora, trabalhamos naquela letra, teve versões atrás de versões, houve uma versão que chegava aos cinco minutos e acabamos no estúdio com o meu produtor a dar uma ajuda, num arranjo de cordas fantástico que o João fez, posso dizer que não fui eu que o fiz, fez um arranjo fantástico há música, acabámos e ficou uma maravilha, no processo de estarmos a fazer o disco, o João Martins disse-me que também fazia músicas e perguntou-me se estaria aberto a isso, eu não sabia que ele escrevia músicas, ele é o diretor musical do Miguel Araújo, instrumentista na banda dele. Estava tão curioso para ouvir o que ele fazia que tive que lhe pedir coisas, ele mandou-me esta música, que era uma balada, o disco não tinha baladas quase nenhumas e ouvi aquilo e pensei que era perfeito, experimentámos e fizemos uma coisa que já não se ouve hoje em dia, um órgão com um quarteto de cordas, já não se ouve desde o Rui Veloso a fazer o Jura, tive mesmo de colocar no disco. 

Como surgiu a ideia para o videoclip da música “Canção Só”? 
A ideia surgiu do Edgar Ferreira, que foi o realizador, ele foi a pessoa que eu queria desde o inicio que fosse ele a realizar o videoclip da “Canção Só”, gosto imenso do trabalho dele, tem videoclips muito originais e fora da caixa, era isso que eu queria, não queria um videoclip, com muitos planos, a tocar guitarra e uma miúda com uma capa branca e está feito, queria fazer uma cena diferente, um vídeo que as pessoas ou adorassem ou odiassem completamente, para mim é melhor do que ter apenas um videoclip “é só mais um”, e então falámos com o Edgar e numa reunião ele falou-me desta ideia de estar num barco, no meio do mar, e eu a pensar que seria em pós-produção ou coisa parecida, mas não, nós fomos a três milhas da costa de Sesimbra, num barquinho, mas havia um barco de segurança a quilómetros de mim, estava al sozinho, literalmente no mar, se há coisa que é real no vídeo é isso, estou literalmente no mar, a ideia era tão boa e tão doida que eu não consegui dizer que não, eu pensei que era fantástico, que tínhamos de experimentar, o próprio vídeo é uma metáfora perfeita para a música, tens a ideia da solidão levada ao extremo, é uma metáfora para o que aconteceu depois do “Ídolos”, eu meti-me no meu barquinho e fui para o meu oceano, a tocar, na minha, na boa, quando acabou peguei na pistola de sinalização e “pessoal, já me podem vir buscar”, a música tem essa ironia, estou o refrão a dizer que não sou de ninguém, que sou bué orgulhoso, mas depois há uma parte em que “toca o relógio, já são horas”, que é como quem diz “se me quiserem vir buscar, agradecia”, o videoclip traduziu essa ideia na perfeição, acho que o público todo percebeu isso, é um videoclip bem sucedido nessa lógica.


Gostarias de um dia participar no Festival da Canção e quem sabe representar Portugal na Eurovisão? 
Não faço planos para isso, mas claro que se eventualmente o desafio aparecesse, verei como estarei nessa altura da minha vida e vou seriamente ponderar a situação, tenho muito respeito pela instituição que é o Festival da Canção, algumas das minhas músicas favoritas de sempre vieram do Festival, é fixe ter uma música dentro desse cânone, mas não faço planos disso, tal como não fiz planos de ganhar o “Ídolos” e ter um contrato discográfico, as coisas foram acontecendo e ainda bem que aconteceu. 

Como correu a tua licenciatura? 
Muito bem licenciei-me em Som e Imagem, está profundamente ligado ao que eu estou a fazer, a minha licenciatura também me deu muita confiança de agarrar o meu projeto como um todo, não ser só o artista, só o músico, ser também o responsável pela imagem, aliás o artwork do disco foi feito por mim e pela minha equipa, trabalhámos com muito afinco e a minha licenciatura foi boa porque consegui trabalhar em tudo, cinema, fotografia, produção musical, gravação, vídeo, até um bocado de jornalismo, sinto-me há vontade em todas estas áreas da multimédia e consegui aplicá-las ao meu trabalho como músico. O meu último ano de licenciatura foi um ano pós o “Ídolos”, fiz um refresh, perceber o que queria fazer depois disso e comecei lentamente a escrever músicas, a fazer coisas completamente diferentes na licenciatura, e ainda bem que o fiz, para poder espairecer. Correu lindamente e quando acabou dediquei-me a cem por cento e agora chegamos ao “Carta Aberta”. 

Depois dos “Ídolos” dedicaste um ano aos estudos e à escrita de canções. Quantas letras ficaram pelo caminho? 
Ui … Mais músicas do que letras curiosamente, mas eu devo ter feito umas boas dezenas de músicas para o disco, no total devo ter trabalhado em trinta ou quarenta músicas, mas muitas ficaram no quadro, eu tinha literalmente um quadro em casa, onde punha as listas das músicas, houve umas dezassete que estavam na linha final, mas conseguimos chegar a estas doze, que contavam a história do disco, as músicas são como as pessoas, há músicas que estão destinadas a estar umas junto das outras, as pessoas também são assim. Foi olhar para aquilo tudo e pensar onde eu ia ouvir um álbum, fiquei muito orgulhoso porque cheguei ao final do processo, ouvi o disco de uma ponta à outra e pensei que passou a voar. 

Teres gravado o disco em Vila Nova de Gaia, perto do sótão onde as canções nasceram, foi uma coincidência ou já tinhas decidido que seria assim? 
Aconteceu completamente por acaso, o produtor que escolhi para o disco também é do norte, o João Martins, e tinha-me sugerido dois estúdios, este era a quinze minutos de minha casa, a malta da editora estava mais que familiarizada, tinham mais confiança no estúdio, foi uma junção de boas coincidências e acabámos a gravar o disco de uma ponta à outra lá em Vila Nova de Gaia, acho que é um pouco o segredo deste disco, foi feito todo no mesmo estúdio, com o mesmo produtor, os mesmos músicos, foi um núcleo muito fechado e muito pequeno, acho que é o que o torna tão autêntico, direto ao assunto e meu. 

Durante este tempo qual a pior parte da fama? 
Não sei … talvez saber o que fazer com ela, porque eu sou uma pessoa pacata e não me iludo facilmente com as coisas, o meu objetivo sempre foi ser um músico de carreira, quero fazer isto durante muitos anos, não preciso de ter anos explosivos, quero ter um trabalho exponencial e isso é uma coisa que vai acontecendo ao seu ritmo, por isso a cena da fama foi mais tentar perceber o que eu vou fazer, como se lida, a noção de fama não é a mesma que tínhamos há cinco anos atrás, a fama hoje em dia é muito pelo que acontece dentro desta coisinha (pega no telemóvel). O que se faz com as redes sociais? Eu antes usava o meu Instagram para tirar fotos giras e hoje tenho de pensar nos gostos, há uns anos atrás metia uma foto do meu joelho e estava feito (riso), o reconhecimento que as pessoas têm por mim, nem digo fama porque não sou muito apologista desse termo, a expectativa que as pessoas têm pelo meu trabalho dá é responsabilidade. Se há coisa que eu elogio sempre no público português, é que é implacável a notar quem é sincero e quem é que não é, quando não és sincero com as tuas músicas o público sabe, por isso eu faço aquilo que é meu, que é a minha história. 

Sentes que a música em português tem cada vez mais valor internacional? 
Sim, felizmente a nível internacional estão a perceber que nós portugueses somos muito mais sofisticados do que nos damos crédito. O Rui Veloso, se uma pessoa for analisar as músicas dele, a forma como são escritas, tem um trabalho harmónico e de letra muito complexo e que não é só um sol e dó, acho que com o fenómeno do fado, não gosto de utilizar este termo, mas produto de exportação nacional, de se tornar uma marca internacional ou o “Amar pelos Dois”, tudo isso faz com que a nível internacional eles percebam que os portugueses fazem música popular e urbana muito boa, nós temos a noção disso, mas queremos ter o valor vindo lá de fora, lentamente vai começar a acontecer. A geração que está a começar a tomar agora as rédeas, Luísa Sobral, Miguel Araújo, Samuel Úria, toda essa gente está a tomar muito bem as rédeas disto, estão a dar um exemplo fantástico para pessoas como eu que estão a começar agora e olham para eles e dizem “é isto que quero ser”.


A música, para ti, é um refúgio ou uma forma de expressar aquilo que és e sentes? 
As duas coisas, é à música que eu recorro quando me sinto inseguro, triste e com medo, mas ao mesmo tempo é a música que me dá coragem, eu sinto-me mais corajoso com uma guitarra e a cantar para vinte mil pessoas do que a falar a uma mesa de café com três pessoas, na mesa de café sinto-me amedrontado, mas tipo … Sentes-te amedrontado agora? Um bocado (riso), só que lá está, a música dá-me confiança, dá-me força, a primeira faixa [“Carta Aberta”] deste disco é precisamente sobre isso, sobre a música dar-me coragem e sobre as minhas incertezas serem eliminadas por isso, não importa com quantas pessoas estás a falar, mas sim com quem estás a falar. A música serve-me como um refúgio porque é isto que quero fazer, mas nem tudo é assim, tenho a “Canção Só” que é profundamente irónica, a “Dois Mil e 16”, foi um ano que a nível sociológico mudámos tanto, uma pessoa já nem pode dizer nada no Facebook, que tens logo alguém aos berros contigo, acordámos num mundo que não sabemos o que andamos a fazer nele, foi o ano em que saí do estúdio para o mundo do trabalho e pensei “e agora o que faço?”, é um pouco como quando somos crianças e olhamos para os adultos e pensamos que eles têm tudo resolvidos na cabeça deles e depois chegamos à idade deles e pensamos “afinal não tinham … (riso) porque eu também não tenho!”, e é isso, a música vai dando-me segurança. 

Qual a tua maior ambição no mundo da música? 
Ter uma boa carreira, ter um corpo de trabalho, poder olhar daqui a muitos anos para o meu catálogo de músicas e sentir que entraram na vida das pessoas, isso é que é fantástico, e não tem nada a ver com quantas salas encheram. O “Não há estrelas no céu” estava a tocar no carro quando tinha cinco anos e se não tivesse a tocar aquela música, nunca seria músico … 

Penso que esteja relacionada a esta próxima questão... Qual é a tua ligação ao número 13? 
“Não há estrelas no céu”, era a faixa número treze do best of do Rui Veloso que estava no carro, culpo completamente os meus pais porque se eles tivessem posto outro disco no carro, podia ter sido arquiteto, médico, qualquer coisa assim útil para a sociedade. O Rui Veloso é daqueles artistas que eu olhava para ele e pensava que um artistas que canta em português, tem músicas que toda a gente conhece e não tem pinta de estrela. O meu objetivo é que eu seja o Rui Veloso de alguém, alguém possa pegar numa guitarra e dizer “eu posso fazer isto! Bora juntar os amigos e tocar.”, muitos artistas também fizeram isso por mim. 

Seria um sonho se num próximo disco tivesses uma música em colaboração com o Rui Veloso? 
Ah sim, definitivamente, aliás, eu nem sou pessoa de pedir tanto, se eu pudesse simplesmente sentar-me numa mesa de café com ele e ter uma conversa, como é que fizeram certas músicas, para mim era o máximo que podia pedir, saber o processo, qual o espaço mental e musical onde estavam quando fizeram estas músicas. Ter uma conversa assim, já valia ouro. 

Existirão outros videoclipes deste CD? 
Espero que sim, tenho algumas ideias e gostava de as implementar, nós vivemos num mundo muito visual e eu acho que estas músicas têm algumas histórias por contar e quem sabe, é uma questão do pessoal continuar a ver e a ouvir. Peçam as vossas músicas para single porque eu não sei o que escolher! Digam qualquer coisa …


Para quando os primeiros concertos? 
Estamos a planear a partir de abril, maio, começar os primeiros concertos, começar pelo Porto claro, começarmos a fazer alguns concertos e lentamente a inserir-nos no resto do país, quero conhecer as várias realidades de Portugal, porque acho que o que vai fazer a grande diferença entre o meu primeiro disco e o próximo é o que a estrada me vai fazer a nível pessoal e como músico, temos algumas coisas agendadas para o final de ano que eu tenho no segredo dos deuses e é isso, vamos andando por aí e tocando para a malta que quer ouvir. Isto são tudo músicas que nasceram de gajos a tocar numa sala de ensaios. A ideia é as pessoas saírem do concerto com vontade de irem ouvir o disco outra vez. 

Existiu uma “Inês” na tua vida? 
Teriam de perguntar ao Pedro, porque foi ele que fez a letra, mas eu acho que toda a gente teve uma “Inês”, essa música é sobre saudade, sobre não conseguires impedir que algo tivesse acontecido, que uma relação tivesse terminado, que um laço se tivesse quebrado, acho que toda a gente tem a sua Inês e não precisa necessariamente de ser uma pessoa, pode ter sido uma oportunidade que tu perdeste, toda a gente, no fundo, tem a sua. Eu tenho a minha, o público terá a sua, mas eu prefiro não dizer qual a minha Inês, porque quando a tocar ao vivo quero que as pessoas pensem na Inês deles. 

Se a tua vida fosse um filme, qual seria o título? 
(Pensativo) Ui, essa é muito boa, espera aí … Isto é batota, mas “Carta Aberta” é um título muito bom, porque é o que eu tento fazer com as minhas músicas, criar algo que toda a gente pode ouvir, um filme meu teria de ser algo muito pessoal, que revelasse como me sentia, então “Carta Aberta” acho que é o título perfeito para isso. Mas se calhar, daqui a um ou dois anos, se me fizeres a mesma pergunta, eu vou-te dar uma resposta completamente diferente. 

Onde te vês daqui a dez anos? 
A escrever, a tocar, a tocar muito, espero eu, e gostava muito que daqui a dez anos continuasse a fazer colaborações. Acho que há tantos músicos talentosos em Portugal e com quem eu adorava trabalhar, falar e tocar. Se daqui a dez anos eu tiver privado com algumas dessas pessoas dou-me como um profissional feliz. 

O que quer o teu coração? 
O meu coração quer tocar as pessoas, quer comunicar e quer que a música se torne uma coisa tão especial para elas como é para mim, porque acho que as pessoas também merecem.


Resta-me agradecer ao João Couto por esta entrevista e à Universal Music Portugal.

Diogo Pereira Mota

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